É difícil definir quando tudo começou. Eu desenho desde criancinha, mas demorei um bom tempo pra descobrir o óbvio: que eu poderia fazer disso uma profissão. Nesse meio tempo percorri um caminho bem diferente: me formei em Arquitetura por acreditar que tinha vocação, me tornei bacharel em Geografia porque queria entender o mundo e fiz mestrado, planejando seguir carreira acadêmica. Sonhava em mudar o mundo através do meu trabalho. Cheguei a projetar casas populares, e outras não tão populares assim, que foram construídas no interior da Paraíba. Vê-las prontas e habitadas me fizeram feliz sim. Mas, apesar de gostar de tudo isso, sempre senti que algo estava errado. Uma bela noite, quando já fazia algum tempo que eu tentava descobrir o que realmente eu queria fazer pro resto da vida, eu tive um sonho muito louco – como são todos os outros sonhos –, mas revelador. Eu sonhei que dirigia em altíssima velocidade por uma estrada retilínea e totalmente escura. Eu não sabia onde estava indo, simplesmente ia. Numa fração de segundos, eu dizia a mim mesma: “Você está indo pro lugar errado.”, dava um cavalo-de-pau girando em 180º e nesse momento conseguia ver todo o caminho que estava atrás de mim. Foi aí que acordei!
Decidi então mudar. Mudei de profissão, de cidade, o corte de cabelo, de atitude. Vendi livros, doei roupas, e vim voando pra Curitiba. Aqui encontrei o ambiente perfeito pra o que eu preciso. Curitiba é uma cidade onde se encontra arte em qualquer esquina.
Faz pouco tempo que cheguei, mas tanta coisa aconteceu que hoje eu percebo com todos os sentidos o significado do verbo viver. Longe da família, dos amigos, da minha cultura eu sei melhor quem eu sou e o que eu quero.
