Artista de rua na era digital


Eu vou confessar pra vocês que eu tenho uma simpatia especial pela França. Não pelo que as pessoas normalmente admiram (pela vida chic e caríssima de Paris, pela torre Eiffel, pelos vinhos, queijos etc.). Podem me chamar de colonizada, mas já adianto a minha defesa deixando claro que eu não uso Dior, nem Lacoste, não ando de Peugeout, nunca tive uma Luis Vuiton e acho uó esses condomínios de classe-média-alta batizados “Maison de Nonseiquè”, "Chateau du Fim du Monde” e afins. O que eu admiro na França são outras coisas que poucas pessoas conhecem ou acham graça:

Uma delas é a postura política dos Franceses. Os franceses têm fama de briguentos, mas isso se deve muito ao fato de eles serem um povo bastante sério e politizado. Sempre que os governantes tomam uma decisão que pode vir a prejudicar a população, eles vão às ruas protestar. Em meados de outubro do ano passado eles passaram semanas a fio lutando contra a reforma da previdência, que previa a elevação da idade mínima de aposentadoria dos atuais 60 para 62 anos. Aqui no Brasil, os políticos fazem o que querem e é raríssimo ver a população ir às ruas para reivindicar algo, e quem faz é logo chamado de baderneiro. O brasileiro acha que isso é um trabalho para o CQC e que xingar no twitter e redirecionar e-mails falando mal dos políticos é o bastante para fazer valer seu papel de cidadão.

Eu também admiro nos franceses o nível cultural. Só pra dar um exemplo, segundo a Unesco, os brasileiros lêem em média 1,8 livros por ano, enquanto os franceses lêem 7. Será que isso tem algo a ver com o fato de eles reivindicarem mais seus direitos que os brasileiros?

(tempo pra pensar)

Outra coisa que eu gosto na França (e que é a razão de existir desse post), é a relação que os franceses têm com as artes. O bairro Montmartre, por exemplo, tem uma tradição artística muito forte (foi freqüentado por artistas como Pissarro, Toulouse-Lautrec, Steinlen, Van Gogh, Modigliani e Picasso). Até hoje é possível encontrar artistas pintando e desenhando na rua. Como se não bastasse o talento dos artistas, cenário é inspirador.




Artista de rua em Montmartre



Se eu morasse na França, com certeza eu seria artista de rua em Montmartre! Não sei até que ponto eu teria coragem de trabalhar debaixo de sol e chuva e qual seria meu nível de tolerância com a turistada, mas acho que é uma profissão no mínimo charmosa.
Já que eu moro no Brasil, faço meus retratos em casa mesmo. Recebo as fotos pela Internet, o pagamento por depósito bancário e envio o retrato pronto pelo correio. A técnica é tradicional (eu uso papel, grafite, carvão e/ou lápis de cor), mas a forma como tudo acontece é bem pós-moderna. 

Vejam alguns dos retratos que eu fiz nos últimos anos:
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